A Sociedade Internacional de Nefrologia comemora o Dia Mundial do Rim sempre na segunda quinta-feira do mês de março. Em 2018, a sua 13ª edição coincidiu com o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Assim, o tema escolhido foi “Saúde da Mulher – Cuide de seus rins”!
Nesse contexto, durante as atividades desenvolvidas no Dia Mundial do Rim em diversos países, serão enfatizadas as patologias mais prevalentes no sexo feminino, sem deixar de chamar a atenção para a doença renal crônica (DRC), um problema de saúde pública, que acomete quase de 200 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo a oitava causa de óbito em mulheres, com cerca de 600 mil mortes por ano.
Entre as patologias mais prevalentes no sexo feminino destacam-se a infecção do trato urinário e a nefrite lúpica.
As infecções urinárias baixas, que envolvem apenas a bexiga, são muito frequentes em mulheres com vida sexual ativa e nas mulheres idosas. Eventualmente essas infecções podem se complicar com pielonefrite aguda, uma situação potencialmente grave, que ocorre quando a infecção atinge um ou os dois rins.
Com grande predominância no sexo feminino, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune (doença em que o sistema imunológico de um organismo ataca as suas próprias células). O envolvimento renal no LES é chamado genericamente de nefrite lúpica e a participação do nefrologista é muito importante na sua condução, seja indicando a realização de biópsia renal para diagnosticar a classe da nefrite, estabelecendo o prognóstico da lesão e escolhendo o tratamento mais adequado.
No Dia Internacional da Mulher, as situações envolvendo a gravidez não poderiam deixar de receber destaque. A mulher grávida sadia pode apresentar complicações que frequentemente afetam os rins. A pré-eclâmpsia, caracterizada pelo aparecimento de proteinúria (perda de proteína na urina) e hipertensão arterial, geralmente no terceiro trimestre de gestação, é uma das três principais causas de morte materna. Pré-eclâmpsia, aborto séptico e hemorragia pós-parto são causas importantes de insuficiência renal aguda, que podem deixar sequelas nas sobreviventes, como DRC. Por outro lado, uma gravidez é considerada de alto risco quando acontece em mulheres que já possuem doença renal. Esses dados mostram a importância da realização do acompanhamento pré-natal, com o encaminhamento precoce ao nefrologista das mulheres grávidas com alterações no sumário de urina e na função renal.
A feliz coincidência das duas datas comemorativas traz uma grande oportunidade de reflexão sobre a importância da saúde da mulher e, especificamente, sobre a sua saúde renal.
*Artigo escrito pelo médico nefrologista Dr. Luiz José Cardoso Pereira (CRM 7054)
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