A manutenção do tratamento oncológico e em diálise é fundamental para o sucesso terapêutico. O coronavírus é mais um item que o paciente deve considerar em sua rotina de precauções, que já é muito criteriosa para quem trata o câncer. O mesmo ocorre no caso do paciente com problemas renais.
De acordo com o site da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), entre as recomendações gerais estão :lavar as mãos frequentemente, restringir as visitas e evitar um contato físico com pessoas com algum problema de saúde, como gripes. O site alerta ainda que, o paciente oncológico sofre com o efeito imunossupressor de alguns tratamentos. Durante a quimioterapia ou a radioterapia, por exemplo, a imunidade fica mais baixa. A recomendação é “se tiver febre, sintomas respiratórios, especialmente falta de ar e cansaço, o paciente deve procurar o pronto socorro, algo que ele já faria mesmo sem a pandemia do coronavírus. O importante é manter o tratamento”
No caso do paciente oncológico os tratamentos são de três a cinco dias por semana no mês e podem durar até 8 meses. Mas no caso do paciente renal que faz hemodiálise o tratamento chega a ser exigido três vezes por semana durante o mês. A nefrologista Fernanda Albuquerque trabalha para o Estado e destaca “na Bahia temos uma peculiaridade que é a proporção de pessoas carentes, elas vêm para o tratamento de transporte público acompanhadas. O risco é grande, estamos tomando as precauções, mas não vai ser fácil conter a proliferação.”
Em Salvador, esses doentes renais fazem tratamento em clínicas satélites que recebem apenas pacientes com este tipo de doença , apenas três hospitais também recebem os doentes, o Português, Alaíde Costa e Roberto Santos, “na verdade prevemos dias difíceis, pois os pacientes têm problemas renais porque possuem outras doenças, ou são cardíacos, hipertensos ou diabéticos. A vulnerabilidade deles é grande. Mas tomamos as medidas necessárias só recebemos eles no horário e encaminhamos diretamente para as salas, conversamos com cada um e analisamos o quadro se suspeito de coronavírus vão para outras salas e fazem o exame, os que contraíram a doença irão a salas especiais isoladas. O grupo deles é de altíssimo risco. Mas pegam transporte público gastam muito e ainda vem acompanhados. Eu diria que hoje 80% dos pacientes renais são tratados pelo SUS, em Salvador. A população é bastante carente.”
O nefrologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde chefia o setor de nefrologia, Antônio Raimundo Almeida explica, “temos três tipos de pacientes. Os do grupo remoto ou em tratamento , os pacientes peritoneal que podem realizar em casa diariamente a sua diálise através de um aparelho oferecido pelo SUS e os pacientes com insuficiência crônica aguda. Neste caso que estão na UTI.”
Antônio destaca, “imagina que apesar de todos os cuidados os pacientes atendidos em clínicas satélites estão em contato com enfermeiros, psicólogos, enfermeiros, técnicos, médicos, setor administrativo e ainda saindo de casa e pegando transporte. Chegam na clínica, onde outros profissionais trabalham em até três turnos revezando. A vulnerabilidade é grande. Trabalho no hospital das clínicas e no privado. No privado tenho atendido amplamente online. Mas em ambos, tenho tentando segurar os pacientes, que precisam entrar para realizar o tratamento em diálise. Para eles, recomendo comida especial, remédios só vai mesmo em último recurso, pois o sistema vai explodir .”
O especialista Antônio alerta que o ideal agora era os órgãos públicos atentarem para a necessidade da compra dos aparelhos onde os próprios pacientes se tratem em casa, “o curso dura oito dias e eles vão para a casa com o aparelho realizar a diálise.”
A assessoria da Secretaria Estadual de saúde da Bahia (Sesab) afirmou em nota que“Os pacientes que fazem esse tipo de tratamento não interrompem as sessões. Todos os cuidados são tomados pois os profissionais que atuam nas unidades estão treinados para esse atendimento.”
Fonte: Tribuna da Bahia (Edição 27/03/2020)